Comunicar familiarmente

Formas de comunicação
Este rápido percurso sobre o que é a comunicação pede que se distinga, as diversas formas de comunicação que podemos encontrar na família. São elas: a comunicação entre o casal – também designada por comunicação conjugal, a comunicação entre pais e filhos – denominada de comunicação parental, a comunicação entre irmãos – chamada de comunicação fraternal e a comunicação entre avós e netos.
Sem querer ser exaustiva, gostaria de fazer a distinção de cada uma delas. Numa primeira abordagem digo-vos que são comunicações diferentes, pelos seus participantes e acrescento que são igualmente comunicações com funções distintas, daí o interesse em explorar cada uma delas.
Assim, a comunicação conjugal dá-se na presença do ‘eu’ e do ‘tu’, enquanto marido e mulher, enquanto casal. Ela está assente na pertença, na complementaridade, na ajuda, na cooperação e na própria convivência do casal. Na verdade, é muito importante saber ouvir e compreender o outro. Algo simples como escutar com o coração, mostrar disponibilidade, deixar de lado os monossílabos, os ‘huns-huns’, a indiferença e o silêncio. Mas para isso, é preciso olhar olhos nos olhos e perceber que a comunicação conjugal é a base de toda a felicidade familiar.
Já a comunicação parental tem como foco a educação, também a socialização e a proteção dos filhos. Esta comunicação pode ser de pai para filho e de mãe para filho. O importante e fundamental é que seja uma comunicação fluída entre pais e filhos, proporcionando tempos, oportunidades e espaços para se poderem expressar. É importante referir que o essencial desta comunicação deverá ser tentar manter um clima de alegria familiar, mesmo quando possam existir problemas e contrariedades próprias da vida. Muitas vezes, depois de um dia de trabalho, o que apetece é sentarmo-nos no sofá e… descansar. Mas, não o podemos fazer, os filhos esperam pela interação com os seus pais, esperam por aquele tempo de brincadeira, por aquele sorriso, aquele olhar, como que a dizer: está tudo bem, filho. Estás seguro, podes confiar.
No que respeita à comunicação fraterna, a realizada entre os irmãos, deve ser considerada como uma ajuda nas suas relações, que se querem que sejam relações fortes, saudáveis e estáveis. No entanto, também pode ser qualificada de complexa, por vezes contraditória, mas, geralmente, divertida. Para que tudo corra dentro da normalidade é importante que se desenvolva um diálogo franco e efetuoso. É fácil constatar que quando um irmão tem o privilégio de poder contar com o outro, nasce entre eles uma relação de confidencialidade e de ajuda mútua. Enquanto pais quem é que não teve já um braço de ferro com um filho e de repente são confrontados com a chegada de reforços, os restantes irmãos, para socorrerem o seu igual? Podem até estar tristes e magoados uns com os outros, mas fazem de tudo para se ajudarem.
Por último vem a comunicação entre os avós e netos. Devo dizer que é uma comunicação bastante peculiar uma vez que se rege pelo amor e também pela diversão. Trata-se de uma comunicação que está assente em três instrumentos importantíssimos. São eles: a presença, o afeto e a paciência. Os avós gostam de estar presentes na vida dos seus netos, assistem às suas festas escolares, às audições, às atividades desportistas, vão ao cinema e ao jardim, ou seja, dedicam verdadeiro tempo aos seus netos. Para comunicarem normalmente utilizam palavras cheias de ‘açúcar’. Não se cansam de gastar palavras a dizer o quanto gostam e querem os seus netos. Na prática, são muito meigos e demonstram esse afeto através de carinhos e gestos carregados de sentimentos e emoções. Além de que, tem uma qualidade muito grande, talvez pela sua experiência de vida, são na realidade pessoas já mais calmas com a vida, que gostam de apreciar aquilo que fazem, que já não andam às pressas e isso é uma mais valia para os seus netos. No fim, o que os avós fazem é divertirem-se imenso com os seus netos e tenho a certeza que existe uma grande cumplicidade entre eles, por causa disso.


Benefícios da comunicação familiar
Por tudo o que se acabou de dizer, quando existe verdadeira comunicação numa família, seguramente pode-se ver que paira no ar: companheirismo e cumplicidade, já para não falar num ambiente de união e afetos. Mas ainda assim e, sobretudo, respeito uns pelos outros.
Os pais devem ajudar os seus filhos desde muito cedo a saberem escutar, a falar com o coração, ou seja, a transmitir exatamente aquilo que sentem, a manter uma atitude assertiva e a mostrar empatia. Desta forma, os filhos tornar-se-ão capazes de comunicarem. Tudo isto é muito importante porque só quem comunica em profundidade é que se abre aos outros e, é que ama de verdade. Uma vez que põe em comum o íntimo de cada um.


Diferença em comunicar e conversar
Há uma grande diferença entre comunicar e conversar. A conversa entretém, distrai e a comunicação aprimora, enriquece e aquece o coração. Nas conversas, normalmente expressam-se ideias, juízos, dão-se explicações… é algo que se faz de forma rápida e apressada. Já o ato de comunicar, quando este é claro, direto e reconhecido, permite uma abertura de quem fala e um acolhimento de quem escuta. Particularmente, tem de ser feito com tempo. Nada se improvisa, o clima de comunicação deverá ser construído aos poucos, passo após passo. Necessitará ser uma caminhada para toda a vida.
É bem patente que a família é o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar. Daí que seja tão importante tudo o que se faz até mesmo antes de o filho nascer, quando ainda está no ventre materno.
Importa, então manifestar que comunicamos de forma saudável com quem convivemos diariamente. É em família que cada um se reconhece tal como é. Aprende e cresce. Porque é na família que é amado, compreendido e reconhecido e principalmente escutado. E, este é o segredo de uma boa relação familiar, porque comunicamos como somos.


Soluções para os desafios e contrariedades da comunicação familiar
O desafio da comunicação esteve sempre muito presente na nossa sociedade e continua, também, a ser atual nos dias de hoje. Uma família disfuncional muitas vezes, para não dizer sempre, aparenta ter uma comunicação fraca e débil. Os membros isolam-se, não se abrem porque não se sentem amados, nem acolhidos e igualmente não sentem nenhum grau de intimidade que os ajude a porem-se à vontade e assim poderem exprimir o que sentem. Gera-se muita tensão, julgamentos, abusos, mágoas e muita indiferença e mal-estar.
A solução deverá passar por sacrificar tempo, dar mais atenção, colocar empatia no momento para se escutar ativamente. Contudo será sempre um processo de aprendizagem, um caminho a percorrer e para isso é necessário força de vontade para mudar.
O bom resultado só depende de como cada um se compromete na sua forma de comunicar. É de vital importância que se perceba que as palavras e os gestos são os melhores aliados para trabalhar a harmonia, o equilíbrio, a alegria e a confiança na família.

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